Foto: http://www.letras.ufmg.br/
TATIANA NASCIMENTO
( BRASIL – DISTRITO FEDERAL )
Tatiana Nascimento (Brasília, 1981), tradutora de formação, é uma poeta, slammer, cantora e compositora brasileira negra, que escreve, investiga e publica livros de autoras negras e LGBT. É co-fundadora da padê editora. O seu livro lundu, foi uma das publicações selecionadas pelo Projeto Nacional Leia Mulheres na categoria Melhores Livros de 2016. Também realiza de forma experimental em audiovisual .Criadora do conceito cuírlombismo literário (também grafado como "cuíerlombismo", ou "kuírlombismo"), propõe com o termo uma remitologização da dissidência sexual como parte fundante do imaginário ancestral da diáspora negra; e um novo parâmetro interpretativo da produção artística feita por pessoas negras LGBTQIs simultaneamente a partir e em ruptura com o paradigma dor/resistência/denúncia apontado pelo cânone de crítica/teoria literária como fundante da literatura negra brasileira.
Tatiana Nascimento nasceu em 1981 em Brasília.
Nascimento é licenciada em letras – português pela Universidade de Brasília (UnB).Em 2014 doutorou-se em estudos da tradução pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com a tese Letramento e tradução no espelho de Oxum: teoria lésbica negra em auto/re/conhecimentos, sob orientação de Luciana Rassier.
Em 2015, cofundou com Bárbara Ismenia a padê editorial, um coletivo editorial dedicado à publicação de livros artesanais/cartoneros de autoras negras e/ou LBTs – lésbicas, travestis, trans e bissexuais.
Também desde 2015, Nascimento idealiza, cofunda (com Valéria Matos) e produz o Slam das Minas DF, em Brasília — a primeira batalha de poesia falada exclusiva para mulheres e lésbicas no Brasil, que se tornou também um movimento ativista.
Em 2017, cofundou a Palavra Preta – Mostra Nacional de Negras Autoras, que realiza anualmente. Esta mostra surgiu de um convite da cantora baiana Luedji Luna e foi intitulada a partir do zine de poesia "palavra preta", que Nascimento escreve desde 2015. A primeira edição da Mostra Palavra Preta, em Salvador, teve uma participação de 300 pessoas nos três dias de programação. A segunda edição, em 2018 teve lugar no Festival Latinidades, em Brasília, com a participação de Kati Souto, Nina Ferreira e Jorge Maravilha.
Em 2018, Tatiana Nascimento coordenou o atelier de poesia LGBT Do dever de sofrer, ao direito de sonhar, na Oficina Cultural Oswald de Andrade em São Paulo, como laboratório de leitura e produção de texto a partir das existências negras e dissidentes.Também nesse ano, Tatiana foi convidada pela Embaixada da Suécia no Brasil e pela ONU Mulheres para apresentar a cerimónia de abertura da exposição “Pais presentes: a paternidade ativa na Suécia e no Brasil”, realizada no âmbito da iniciativa ElesPorElas (HeForShe). O evento contou com a presença de representantes do Governo do Distrito Federal, do Metro de Brasília, da ONU Mulheres e da Embaixada da Suécia.Enquanto educadora ministra o curso “privilégio branco: uma questão feminista?”, primeira formação brasileira sobre o tema de branquitude, colonialidade e racismo estrutural, que está em 2021 na 50ª turma.
Obra
Tatiana Nascimento compôs a faixa Iodo+Now Frágil de Um corpo no mundo, disco de estreia de Luedji Luna.[14][15]
Em 2018, publica na Revista Observatório Itaú Cultural, número 24, juntamente com Carlos Gomes, Consuelo Bassanesi, Denise Stoklos, Lucina Jiménez Lopéz, Chico Pelúcio, Guti Fraga, Ana Mae Barbosa, Alcione Araújo, Ricardo Dal Farra, Kiko Dinucci, Benjamim Taubkin, Maria Vlachou, German Ray, Claudio di Girólamo.[16]
Poesia
esboço, Brasília: Padê editorial, 2016; lundu, Brasília: Padê Editorial, 3ª edição, 2016; mil994, Brasília: Padê Editorial, 2018; 07 notas sobre o apocalipse, ou, poemas para o fim do mundo, Garupa e Kza1 edições, 2019; Oriki de amor selvagem: todos os poemas de amor preto (ou quase), Brasília: Padê Editorial, 2020,
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tatiana_Nascimento
ARAÚJO, SANDRA, compilação de. (Re)versos: a poesia feminina de Brasília. Direção editorial e arte da capa: Alessandro Eloy Braga. Brasília: Coelhos da Selva Editores, 2022. 100 p.
ISBN 978-65-00-24694-0 [Inclui as poetisas: Margarida Patriota, Astrid Cabral, Lina Tâmega Peixoto, Noélia Ribeiro, Ana Maria Lopes, Meimei Bastos, Tatiane Nascimento, Karla Calasans, Cristiane Sobral, Nathália Coelho, Alessandra Matias Querido e Luciana Fauber.
Ex. biblioteca de Antonio Miranda
SAUDADE É UMA FERRUGEM
os dente enferrujado
da saudade
mordem a carne macia
do desejo
: um sonho contigo
no meio da tarde
,um cheiro teu
na boca do vento
se é feitura do amor
um feitiço lento...
imagina pra dissolver.
[In Istagram: @tatiananascivento,7 jan. 2020]
pretazulado (v. 3) anu rasgafora coração
voa mais alto vasto y distante
que fome de asa é mirar horizonte saudade batida do chão
freátik:
se corria um rio y chamava memória,
enterrou na história: agora
só passa concreto
aqui
sequilho biscoito de pól-
vora barril de pol-
vilho
sempre uma lembrança pronta no gatilho
pa ojare
resquício da escravidão a servício da servidão
regalos da colonização: regalia de
cafezinho com bulinação
esquece o açúcar não, doçura
humildade num é humilhação. y curra
responde com sangue no olho, justiça do cão
desumanidade né, decapitar o patrão...
a forja duma guerra que nunca cessa
de corpos, de peles, de classes, de chão
"o dono da minha cabeça é aquele que decepa"
Ogum pa lele pa
Ogum pa ojare
Ogum pa lele pa
pa ojare
*
VEJA e LEIA outros poetas de BRASÍLIA em nosso Portal: http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/distrito_federal/distrito_federal.html
Página publicada em junho de 2024
|